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domingo, 29 de abril de 2012

I do not know

Faltavam três minutos pra às quatro da manhã, era tudo tão claro dentro daquela sala. A multidão cantava alucinada uma música que eu não conhecia, e nem eles sabiam a letra. Era uma multidão de sons sem nexo, uma voz só que não dizia nada. A vodka tinha deixado meus pensamentos lentos, desconexos, eu sequer me lembrava de como tinha ido parar ali.
Fui até o banheiro, só para ver se encontrava alguém conhecido. Olhei-me no espelho, não sei da onde veio aquele chapéu, e aquele casaco também não era meu. A fumaça embaçava meus olhos, o tempo parecia corre devagar acho que fiquei por horas me olhando, não parecia eu, uma estranha me admirava do outro lado daquele espelho.
Um puxão no meu braço, me deixei levar sem resistência, o palco já estava vazio, alguns casais permaneciam na sala, trocando telefones, marcando encontros. Despedidas alcóolicas, juram de amor quase eterno. Eu não conseguia compreender qual o sentido daquilo tudo.
Sai para o ar frio de abril, a lua iluminava as ruas sem movimento. Alguém em carregava pela mão, os passos tão vacilantes quanto os meus, percebi que estava descalça, eu pisava em pedras pontiagudas, aquilo devia me machucar, mas eu sentia apenas uma dormência onde elas cortavam.
Andamos pelo asfalto, de mãos dadas, eu não consigo me lembrar de como ele era, só sei que tinha mãos grandes, que seguravam a minha com força, como se tivesse medo de me perder. Em algum momento deitamos na grama, ao lado da estrada, olhamos o céu ficar claro, o sol raiar, até a luz ser  forte demais, cegar nossos sentido.
Um carro derrapou, uma porta de abriu e eu ouvi risos, eles conversaram algo, então o menino de mãos grande  e seguras me perguntou se eu queria carona. Eu gritei que não precisava, ia ficar mais um pouco ali. Ele me deu um beijo na testa e se foi.
Sinceramente não sei quem ele era, nem como eu voltei pra casa. Na verdade, não me lembro sequer de ter saído da minha cama. A única lembrança concreta da noite é esse chapéu na guarda da minha cama, meus pés cortados e um perfume agridoce em meu cabelo.

Pricila L. Ramos

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