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domingo, 29 de abril de 2012

Change

Mudar, mutável, mutante. Adaptável ao novo, ao limpo, à dor. Tão belo o encanto quebrado, em mil pedaços brilhantes, reluzem mil corres, arco-íris coloridos em preto-e-branco. São nossos esses caminhos de terra batida, de andarilhos disformes, com plantas negras, vermelhas e cinzas. É pequeno esse mundo fugaz, que nos mostra a verdade em cada esquina, que nos obriga a viver, a pensar a ser mais a cada dia.
Esses dias nublados, um cheiro de inverno chegando, essa vida  sem graça, de quem vive esperando a chance de morrer. ACORDA. O mundo lá fora não é tão sem graça assim, baby, o mundo lá fora é blue. O som que toca no rádio é bom, escuta.  Faz um esforço pra gostar, pra querer, pra dançar. Todo mundo tem a chance de ser feliz.
A felicidade não é um conceito tão abstrato assim menina, olha pro céu, ás estrelas lá em cima são felizes. Olha o casal envelhecendo juntos no parque, aquilo é felicidade. Não é o amor, o dinheiro ou o sucesso que vai te fazer se sentir bem. É o estar vivo, o respirar e não importar mais nada.
Agradeça a cada dia, pra Deus, Buda, Oxum, agradeça por poder sorrir. Levante todo dia e sorria, sem motivo, sem porquê. Você está salvo, você pode se sentir bem se tentar. Tente. A vida é longa, ela dura apenas um segundo, entende?
 Não fuja, não corra, enfrente cada obstáculo, com um sorriso, um abraço. Não seja fraca, não se permita ser frágil. Não permita que tirem nada de você. Mantenha a cabeça erguida, a alma pura e tudo blue.

Pricila L. Ramos
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I do not know

Faltavam três minutos pra às quatro da manhã, era tudo tão claro dentro daquela sala. A multidão cantava alucinada uma música que eu não conhecia, e nem eles sabiam a letra. Era uma multidão de sons sem nexo, uma voz só que não dizia nada. A vodka tinha deixado meus pensamentos lentos, desconexos, eu sequer me lembrava de como tinha ido parar ali.
Fui até o banheiro, só para ver se encontrava alguém conhecido. Olhei-me no espelho, não sei da onde veio aquele chapéu, e aquele casaco também não era meu. A fumaça embaçava meus olhos, o tempo parecia corre devagar acho que fiquei por horas me olhando, não parecia eu, uma estranha me admirava do outro lado daquele espelho.
Um puxão no meu braço, me deixei levar sem resistência, o palco já estava vazio, alguns casais permaneciam na sala, trocando telefones, marcando encontros. Despedidas alcóolicas, juram de amor quase eterno. Eu não conseguia compreender qual o sentido daquilo tudo.
Sai para o ar frio de abril, a lua iluminava as ruas sem movimento. Alguém em carregava pela mão, os passos tão vacilantes quanto os meus, percebi que estava descalça, eu pisava em pedras pontiagudas, aquilo devia me machucar, mas eu sentia apenas uma dormência onde elas cortavam.
Andamos pelo asfalto, de mãos dadas, eu não consigo me lembrar de como ele era, só sei que tinha mãos grandes, que seguravam a minha com força, como se tivesse medo de me perder. Em algum momento deitamos na grama, ao lado da estrada, olhamos o céu ficar claro, o sol raiar, até a luz ser  forte demais, cegar nossos sentido.
Um carro derrapou, uma porta de abriu e eu ouvi risos, eles conversaram algo, então o menino de mãos grande  e seguras me perguntou se eu queria carona. Eu gritei que não precisava, ia ficar mais um pouco ali. Ele me deu um beijo na testa e se foi.
Sinceramente não sei quem ele era, nem como eu voltei pra casa. Na verdade, não me lembro sequer de ter saído da minha cama. A única lembrança concreta da noite é esse chapéu na guarda da minha cama, meus pés cortados e um perfume agridoce em meu cabelo.

Pricila L. Ramos
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Lonelines

Eu não quero um amor, eu não quero virar essas menininhas frágeis que suspiram de segundo em segundo. Eu não me entrego, ou até me entrego, mas não me lembro no dia seguinte.
Eu não sou a mulher certa. Não sei me maquiar, sempre caio de salto alto, sento de perna aberta,  bebo mais que marmanjo barbado, falo palavrão pra caralho, não sinto ciúmes, odeio que paguem minha cerveja, minha unha tá sempre rebocada, minha roupa um pouco amassada e se duvidar nem penteei o cabelo hoje.
Não sou menina, amadureci a tão depressa que tanta coisa ficou pra trás: a fragilidade, a inocência, a fé no amor. Ah, o amor,  tão bela flor, tão mortal. Esses meninos que me olham com dó, com ardor. Não vou pra festinha pensando em quer vai ser a vítima. Eu não tenho vítimas, nem sequer desejo-as. Às vezes um desavisado resolve se aventurar, eu faço juras de amor eterno, olho pra ele como se fosse meu príncipe, mas no fim da noite, vou embora sozinha, peço mais um copo de cerveja, tiro o sapato e vou. Nada pra mim dura mais que um momento. Aquele segundo tão eterno que num piscar de olhos se vai.
Eu sou água corrente, não há barragem intransponível pra mim, porque estou nessa estrada a tanto tempo que caminhante nenhum me alcança. Essa frieza já é tão parte de mim, que nem percebo a diferença da vida antes ou depois.
Minhas histórias nunca foram trágicas, meus amores nunca impossíveis, nenhuma daquelas musicas melosas foi minha trilha sonora, não sei se fiquei assim por vontade ou nasci assim por sina.
Orgulho-me de ser forte, nunca fui de desabafar, eu encontro em mim mesma uma conselheira, me digo palavras duras e doces. Meus diálogos internos são longos e esclarecedores. Não preciso contar pra ninguém o que só eu vivi, como me senti o que o isso causou.
Tem dias que eu acredito que nasci com algo faltando, um eterno vazio sentimental, e esse é o motivo desse desinteresse todo por essas coisas bonitas que toda mulher quer.  Ou, simplesmente, eu nasci com a outra metade que todos procuram, nasci inteira, e não preciso de nada para me completar.

Pricila L. Ramos
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Underground

Aonde você vai Alice? Por que corre tanto, se já sabe o fim dessa história? Você já tropeçou milhões de vezes nessas mesmas raízes envelhecidas, já caiu nesse buraco e já tomou milhões de poções. Já cresceu e foi diminuída tantas vezes, não entendo porque ainda quer viver isso mais uma vez. Aonde você deixou seus sonhos? Você já procurou aqui e não os achou, tente mudar a direção.
Eu aprendi que não vale a pena  se machucar tantas vezes assim. Isso já passou de lição, isso tudo está virando um autoflagelo, tudo isso é duro demais para você Alice. Era pra ser o país das maravilhas, você não deveria chorar tanto. Deixa-me te explicar uma coisa: aquele gato te enganou. Esse vestido não é seu, sua vida não é assim.
Ei Alice, está na hora de voltar à vida. Acordar desse pesadelo e voltar a correr. Você é forte, só lhe falta começar novamente. Vamos lá, sorria uma vez mais, fica mais fácil depois que você começar.  Me de a mãe, eu te acompanho até onde eu puder, mas há horas na vida que nós temos que seguir sozinhos, o caminho é estreito demais. Essa sua mania de se esconder já não está dando resultado, a dor não vai passar se você passar o resto da vida ai. Ei alice, não vai adiantar, estou lhe dizendo.
Eu já tentei me enterra ai também, e olhe para mim, não deu certo. Acredite em mim, a vida fica melhor se você puder sentir a chuva na pele. Me diga, você não precisa de ajuda? Eu lhe ajudo, venha comigo. O céu aqui é azul, eu lhe mostro, basta aquele primeiro passo que venho lhe falando a tanto tempo. Venha, a vida se encarregará de lhe dar o que lhe é de direito. Toda a parcela de felicidade que lhe está reservada vai chegar, você vai ver.

Pricila L. Ramos
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