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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Noite fria

Estou aqui sentada novamente, escrevendo sobre uma vida vazia, tentado sorrir com coisas banais, tentando em vão encontrar alguém para amar.Eu sei que devia sair por ai, conhecer novas pessoas, e todo aquele papo de gente positiva, mas não dá. Me falta ânimo.
O doutor disse que eu não tenho cura. Não há cirurgia pra desapego, ou remédio para solidão. Ele disse que nem se quer posso ser diagnosticada como depressiva.
Procurei nos livros palavras para me preencherem, busquei um anuncio nos classificados, algo que oferecesse companhia, abraço apertado, um sorriso, um casaco de pele falsa. Não encontrei.
É ano de vestibular, tentei me afundar nos livros, mas não posso passar minha horas tentando desvendar o que os logaritmos tem à ver comigo.Ou qual a frase substantiva objetiva direta eu vou dizer quando encontrar o próximo buraco.
No trabalho, tem tudo correndo bem, daquele jeito, vou fazendo tudo mecanicamente, devagar, sorrindo que é preciso, matando o tempo quando é preciso. Mas as vezes até ali dá vontade de jogar tudo para o alto, gritar correr, chorar, falar a verdade.
Tenho sentido muito medo, medo até de acordar pela manha e perceber que o tempo ainda não passou. Eu costumo ficar olhando para o relógio, por horas e horas, só pra ver que um minuto já passou, um a menos, graças a Deus.
As pessoas que me veem não percebem nada disso, meu sorriso mais bonito está sempre pintado no rosto, a maquiagem está sempre em dia, o cabelo cuidadosamente fora do lugar. Tudo cuidadosamente pensado para parecer uma vida perfeita. Tudo uma delicada mentira, um ponta bonita de um iceberg gelado e deformado.
Não sei escrever sobre a beleza da vida, talvez até um dia tenha escrevido, ou um dia aprenda a escrever, mas não hoje. Hoje tudo me dói, e dói tanto que não me permite raciocinar, ou pensar sobre outra coisa.
Esse espaço frio é minha válvula de escape. Escrevo, escrevo, disserto, narro, explico, discuto, falo sobre tudo que sinto. Ninguém precisa ler, ouvir ou aceitar nada disso, mas por pra fora é tão necessário.
Não sei como se termina um texto que fala sobre tristeza, parece que sempre falta algo para ser escrito e ao mesmo tempo dá vontade de apagar tudo e volta a fingir felicidade como antes.
O dia que eu souber, termino esse texto...


Pricila Langner Ramos
13/08/2010

2 comentários:

  1. A tristeza e a solidão também vivem em minha companhia. Mas acho que já aprendi a lidar com elas, até sinto falta quando não estão presentes.
    Mas nada como escrever para livrar essa angústia de nós.
    É, o que seria de nós sem a escrita?

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  2. eu, com certeza, não seria nada (:

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